domingo, 20 de junho de 2010

RJ e entidade espírita Cacique Cobra Coral: contrato para impedir a chuva

Após a catástrofe que atingiu o Rio de Janeiro, surgiu um fato no mínimo curioso. O governo carioca há alguns anos tem contrato com uma entidade espírita com o objetivo de impedir que chuvas torrenciais caíssem sobre o Estado. O GalileO investigou os fatos

Por Rodrigo Ribeiro Rodrigues para o Portal OGalileO
RJ e entidade espírita Cacique Cobra Coral: contrato para impedir a chuva O Estado do Rio de Janeiro sofreu com as chuvas nesse mês de abril. Entre mortos e feridos, restaram a desolação e a sensação de incapacidade diante de um fenômeno da natureza tão devastador.

Fala-se em falta de infra-estrutura, culpa do governo ou até mesmo em culpa de ninguém. Mas um fato chamou a atenção para esta catástrofe que até o momento não foi levado ao conhecimento da população, o contrato do governo carioca com a Fundação Cacique Cobra Coral.

A Fundação Cacique Cobra Coral (FCCC) é uma entidade espírita que foi criada para intervir nos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza. Foi fundada por Ângelo Scritori, que morreu aos 104 anos em 2002 e hoje quem está à frente é sua filha Adelaide Scritori também médium que incorpora o espírito e mentor Cacique Cobra Coral que também já teria sido de Galileu Galilei e Abraham Lincoln.

Com a missão de minimizar catástrofes que podem ocorrer em razão dos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza, a FCCC ganhou fama internacional depois que o escritor Paulo Coelho (foto ao lado com Adelaide Scritori) foi seu vice-presidente, entre 2004 e 2006. Hoje, dezessete Países e três Continentes, recebem ajuda do cacique.

No Brasil, a Fundação Cacique Cobra Coral se tornou mais conhecida em 2007 quando o então prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia, em fevereiro, preocupado com a chuva persistente que ameaçava a conclusão das obras para a realização do Pan Americano, decidiu recorrer aos serviços da Fundação. Coincidência ou não, após o pedido seguiu-se uma longa estiagem. Em julho, na semana da abertura dos jogos, as chuvas voltaram a ‘castigar’ o Rio de Janeiro, causando até mesmo estragos em instalações do Pan.

Diante disto, Cesar Maia recorreu novamente a FCCC, fazendo o pedido para que as chuvas não atrapalhassem a Cerimônia de abertura, na ocasião Osmar Santos, o diretor de assuntos corporativos e relações governamentais da Fundação, disse: ‘A chuva não vai apagar a tocha olímpica. Mas, conforme as necessidades a cerimônia poderá ser estendida’, isto porque a médium Adelaide Scritori estava em Buenos Aires e pegou um jatinho para chegar a tempo no Rio.

Depois dos trabalhos realizados para o Pan, a FCCC foi solicitada outras vezes por César Maia.

Em outubro de 2007, a médium cancelou uma viagem aos EUA e foi para o RJ minimizar os impactos da chuva.

Entre outubro e novembro de 2007, os esforços da médium foram para conter o clima a fim de que o túnel Rebouças, no RJ, fosse desobstruído. O jornal do Commercio publicou no dia 01/11/2007 que a presidente da FCCC, montou seu quartel-general esotérico no Cosme Velho, perto do Rebouças, para garantir bom tempo para a realização das obras de recuperação da entrada do túnel.

Em dezembro do mesmo ano ela foi chamada para espantar a chuva que poderia atrapalhar o réveillon. Adelaide começou o trabalho na sexta-feira dia 28 numa cobertura em Copacabana e no dia 31 foi para um iate.

Na transição de prefeitos em 2008/2009, César Maia, em seu ex-blog publicou cinco tópicos a favor da renovação do contrato com a FCCC, em um trecho escreveu: ‘A Prefeitura do Rio nunca pagou um centavo à Fundação Cacique Cobra Coral. Mas sempre manteve relações de respeito e de reconhecimento técnico. É bem verdade que um quadro do Cacique Cobra Coral, sempre esteve na sala de almoço do prefeito’.



Eduardo Paes ao assumir o cargo relatou que o convênio com o FCCC seria cancelado. No entanto, em fevereiro em 2009, quando baixou um pé d´água na cidade, o governador Sérgio Cabral quis saber do atual prefeito Eduardo Paes se ele tinha renovado o convênio com a Fundação Cacique Cobra Coral.

Só ficaram aliviados quando foram informados de que o acordo ainda estava em vigor. Com a tragédia de Angra, o governador Sérgio Cabral achou melhor contratar a FCCC enquanto efetua as obras que irão combater as causas das enchentes.

Já nas semanas que antecederam o Carnaval, uma onda de calor atingiu o Rio de Janeiro e a primeira noite de desfiles do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí ocorreu sob os efeitos de uma brisa suave que reduziu a sensação térmica. Coincidência ou não, a médium Adelaide Scritori, que diz incorporar o espírito do Cacique Cobra Coral, capaz de controlar o tempo, estava na Sapucaí no camarote conjunto do Governo do Estado e da Prefeitura do Rio.

O último contrato publicado entre a Prefeitura do Rio e a FCCC venceu no dia 26/02/2010. Entramos em contato com a assessoria do Prefeito Eduardo Paes, e fomos informados de que o convênio foi renovado no final do mês de março.

AS PERGUNTAS QUE NÃO QUEREM CALAR



Lema da FCCC: "Fundação Cobra Coral - Luz que ilumina os fracos e confunde os poderosos"

Por que a FCCC não conseguiu evitar as chuvas no Rio de Janeiro?

FCCC ao jornal O Dia (07/04/2010):

Alerta Rio procurou a médium do clima, mas ela diz que foi tarde demais...
Rio - A Fundação Cacique Cobra Coral — que se diz capaz de impedir tempestades — reclama de só ter sido acionada pela prefeitura às 23h51 de anteontem, quando o Rio já estava inundado. A médium Adelaide Scritori estava na Venezuela e lamentou o descaso.
Cobra Coral 2
Em e-mail para a prefeitura, ela frisou que este foi o “segundo problema técnico em menos de 30 dias”. Adelaide voltou para São Paulo e diz que trabalha para reduzir os estragos da chuva.

Houve então falha de comunicação?

FCCC ao jornal O Globo (07/04/2010):

Cobra Coral: Caos estava instalado
A explicação para um dos piores temporais do Rio de Janeiro pode estar na falha humana. Essa é a avaliação da assessoria da médium Adelaide Scritori, que incorpora o Cacique Cobra Coral e que estaria magoada com as autoridades. A Fundação Cacique Cobral Coral (FCCC) informou que só foi acionada no final da noite de segunda-feira. Num e-mail à FCCC, a Geo-Rio alegou problemas técnicos para não ter pedido ajuda assim que soube, por volta das 15h, que poderia chover forte na cidade.

— A proposta da nossa parceria é atuar como um paliativo. Mas só podemos agir se formos convidados. Não adianta sermos convocados com o caos já instalado — explicou o relações públicas da fundação, Osmar Santos.

O convênio com a prefeitura é sem ônus para o município.

COM A PALAVRA, OS PASTORES...

A equipe do Portal O GalileO entrou em contato com alguns pastores para saber a opinião dos mesmos a respeito desses ‘trabalhos’ realizados pela Fundação Cacique Cobra Coral para impedir as chuvas no Estado do Rio de Janeiro. Confira:

Pr. Zeniel Pires (Bola de Neve – Niterói/RJ):
‘Os últimos acontecimentos aqui no Rio servem para provar de uma vez por todas que ninguém tem o poder de deter a chuva, o tempo, o clima (só Deus). E que este convênio com a FCCC é totalmente inútil’.

Pr. Renato Vargens (Igreja da Aliança - Niterói):
'Confesso que fico assustado com o comportamento dos políticos brasileiros. Em vez de trabalharem com afinco para resolveram os problemas das nossas cidades oferecendo melhores condições de vida à população que tanto sofre em virtude do descaso do poder público, brincam com a dor do pobre fazendo contratos escusos com entidades místicas e inoperantes. Ora, o contrato da prefeitura do Rio de Janeiro com a Fundação Cobra Coral é no mínimo uma afronta a nossa inteligência. Repudio veementemente comportamentos como este que ao meu modo de ver contribuem para a burrificação da sociedade carioca. O que me angustia profundamente é que tragédias como a que aconteceu na região metropolitana do Rio de Janeiro poderiam ter sido evitadas, caso essa corja política trabalhasse com decência e honestidade proporcionando ao nosso tão sofrido povo infra estrutura necessária a uma vida digna e tranquila'.

Pr. Márcio de Souza (Igreja da Aliança - Niterói):
‘Prefeitura do RJ fecha contrato com X-men! Parece piada, mas não é! Essa médium Adelaide Scritori é muito chique! A afirmação da prefeitura do RJ de que a médium teria controle sobre as forças da natureza parece uma história de Stan Lee, criador dos X-men. Parece que baixa o espírito do Exu tempestade nela e pronto, "ta tudo dominado”! O mais interessante é o "modus operandi" da nossa Ororo Monroe tupiniquim. Ela realiza seus trabalhos em Buenos Aires, ou então numa começa numa cobertura em Copa e termina num iate a beira mar! Ta explicado os problemas das chuvas em Niterói, se Jorge Roberto Silveira celebrasse um convênio desse porte, estaríamos livres da tragédia do Bumba e do 340 por exemplo. Mas pensando bem, se exu x-men fosse mesmo tão poderoso, porque o morro dos prazeres veio abaixo? Porque o Boréu está em petição de miséria e porque com as últimas chuvas cerca de 50 carros foram abandonados em plena Praça da Bandeira, na radial oeste? Calma, o Exu explica! É que como ele é muito chique, alguns incidentes foram contidos, mas por conta das limitações de Adelaide que é MÉDIUM, pra conter tragédias maiores teriam que contratar uma "GRANDEUM" (não poderia perder essa né...)

Sobre Deus, o verdadeiro Senhor do tempo o livro de Jó entre ouras coisas diz:

"Ele é o que remove os montes, sem que o saibam, e o que os transtorna no seu furor.

O que sacode a terra do seu lugar, e as suas colunas estremecem.

O que fala ao sol, e ele não nasce, e sela as estrelas. O que sozinho estende os céus, e anda sobre os altos do mar." (Jó 9:5-8)




O QUE RESTOU

O caos atingiu o Rio de Janeiro nesta primeira quinzena de abril, a força da chuva causou uma enxurrada de tristeza na vida de boa parte da população. O que restou agora – reconstruir o que foi abaixo e tentar alicerçá-los na esperança de um futuro melhor.

Quanto aos contratos com a FCCC, ‘alguma coisa deu errado’, diria que desde o começo. Vamos orar a Deus para que não chova e para que as autoridades tenham mais responsabilidade.

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